(...)
A importância de uma coisa não se
mede
com fita métrica nem com balanças nem com
barômetros
etc. Que a importância de uma coisa há
de
ser medida pelo encantamento que a coisa produza
em
nós. (...)
Manoel
de Barros (2015)
No dia 11 de março, uma sexta feira a
tarde, nossa turma estava brincando no parque de cima, quando, algumas
crianças, vieram correndo até mim e me disseram: “tem um chapéu de bruxa na
casinha!” “Acho que aquela casa é da bruxa!”
Nossa casinha está interditada desde que
retornamos ao trabalho presencial, servindo de depósito para alguns materiais,
pois, por questões sanitárias, ainda não é possível retomar sua utilização.
Mas, neste dia, mesmo sem ser o espaço principal do planejamento, assumiu um
papel extremamente importante e possibilitou a exploração de diferentes
linguagens a partir das proposições que as crianças fizeram ao avistar este
chapéu de bruxa guardado lá dentro.
Assim que as crianças me procuraram, fui
com elas até a porta da casinha, batemos, chamamos, olhamos em volta, mas, nada
aconteceu... a casinha continuou fechada e nenhuma bruxa estava lá dentro...
ou, pelo menos, não quis nos receber naquele momento.
Quando voltamos para a sala, combinamos que
tentaríamos novamente, pois as crianças tinham certeza que uma bruxa morava lá.
Desta forma, na segunda feira, voltamos e
batemos na porta. Nada...
Então, propus às crianças que escrevêssemos
um bilhete e deixássemos embaixo da porta. Assim, se tivesse alguém lá dentro,
encontraria nosso bilhete e poderíamos nos comunicar. Para tanto, produzimos um
texto coletivo, a partir do qual foi possível trabalhar a estrutura do bilhete
e, cada criança, assinou seu nome, assim como eu, identificando nossa autoria.
Segundo BRITTO,
Na Educação
Infantil, ler com os ouvidos e escrever com a boca (...) é mais fundamental do
que ler com os olhos e escrever com as próprias mãos. Ao ler com os ouvidos a
criança não apenas se experimenta na interlocução com o discurso escrito, como
vai compreendendo as modulações de voz que anunciam num texto escrito. (...) Ao
ler com os ouvidos, a criança não apenas se experimenta na interação, na
interlocução, no discurso escrito organizado, com suas modulações prosódicas
próprias, como também aprende a sintaxe escrita e aprende as palavras escritas
(BRITTO, 2007, p. 19).
Dessa forma, o momento foi riquíssimo no
que diz respeito à formação de leitores e escritores competentes.
Levamos o bilhete e colocamos debaixo da
porta da casinha, ainda sem perceber nenhuma movimentação lá dentro.
E não é que nosso bilhete foi respondido?
Na quarta-feira, quando fomos brincar no
“(En)Cantos da Natureza” tinha um envelope direcionado à nossa turma, colado na
porta da casinha. Foi uma alegria só!
A bruxa havia nos respondido e nos deixou
esperançosos com a possibilidade de conhece-la. O assunto não foi outro nesta
tarde. Nisso, as crianças prepararam desenhos para presentear a bruxa no dia
grande dia.
Eis que, na quinta-feira, dia 17/03, ao nos
dirigirmos para o “Parque de baixo”, onde brincaríamos neste dia, vimos a
bruxinha Samantha cuidando da sua casinha... As crianças ficaram em polvorosa,
de tanta felicidade. Fizeram diversas perguntas sobre o estilo de vida da
bruxa: como ela dorme, o que come, se tem medo de barata, como voar na vassoura
e, puderam perceber, que a bruxa, apesar de todo o encanto, é muito parecida
conosco.
Depois de toda a entrevista, saíram pelo
parque procurando casquinhas de cigarras nas árvores, já que a bruxa disse que
eram lindos broches para usar na roupa. E, sabe o que mais descobrimos: a bruxa
Samantha é irmã gêmea da professora Roberta, que trabalha em nossa escola.
Assim, mesmo quando ela estiver viajando ( e ela viaja muito), teremos nossa
própria bruxinha nos encantando pelos espaços do CEI “João Vialta”.
Por
tudo isso que, nas brincadeiras das crianças entre si ou mesmo sozinhas,
podemos perceber um universo de relações, caracterizado pela diversidade, pela
espontaneidade de gestos, movimentos, falas, olhares. Elas experimentam,
imitam, inventam em momentos diversos, mesmo naqueles que não foram planejados
pelo adulto, exigindo de nós a sensibilidade de olhar e escutar atentamente.
Esperamos
que vocês tenham gostado da nossa vivência tanto quanto nós!
Até
a próxima postagem.
Professora
Darleng e AG III F
Professora, essa atividade foi deliciosa! Abriu a minha mente para futuros projetos. A imaginação dos pequenos é uma terra sem fim, estimular s criatividade é o nosso papel como docente. Obrigada à Professora Roberta pela parceria. Parabéns à turma pelo empenho, imaginação e coragem de conversar coma "bruxa"! Um forte abraço
ResponderExcluirGlaucia Damiani