“CORTINA
DAS SENSAÇÕES E IMPRESSÕES”
Aproveitando
as ideias da artista Yayoi Kusama e pensando na intervenção dos
espaços, a Turma do Jacaré confeccionou uma cortina com círculos
de diferentes proporções, imagens de revistas/jornais, desenhos e
fotos das próprias crianças.
Cada
criança ou adulto que se aproximou da cortina sentiu a necessidade
de utilizar alguns sentidos, como a visão e o tato...
E as
narrativas/textos surgiram diante das imagens... a partir da fala de
cada um.
“Ficção
e relato de experiências vividas são gêneros diferentes, mas nos
primeiros anos de vida, é comum que se combinem nas narrativas
infantis, como aponta a linguista Maria Cecília Perroni. Segundo
Perroni, esse recurso não deve ser entendido como um problema de
falta de clareza entre o real e o imaginado. Ao contrário: é
preciso encará-lo como um dos elementos mais importantes para o
desenvolvimento cognitivo e afetivo dos pequenos. O que se testemunha
nesse tipo de construção é justamente o nascimento do discurso
narrativo - uma das principais estruturas de expressão de qualquer
pessoa e uma essencial troca comunicativa. Esse processo
- que se estende até a idade adulta - começa antes mesmo de a
criança conseguir falar. Nesse período, ela já é capaz de
entender as histórias contadas pelos adultos e o contato com relatos
cotidianos ou contos de fadas, por exemplo, faz com que, aos poucos,
adquira um repertório de imagens, nomes e roteiros de ações que
utilizará mais tarde. Também a compreensão dos usos e do
funcionamento da linguagem tem início nessa fase, com o adulto como
modelo da forma de se comunicar e como voz da cultura em que está
inserida. Assim, quando conquista condições fisiológicas de falar
e passa a descrever com palavras um encadeamento de ações que se
desenrolam no tempo - uma possível definição de narrativa -, ela
acessa todos esses diferentes repertórios acumulados desde os
primeiros meses de vida.”
Algumas
narrativas foram registradas para serem compartilhadas neste espaço:
Nossa
cozinheira, Paulina, ao ver a imagem do tigre na cortina, fotografado
no último passeio ao Parque Ecológico de Americana, relatou mais ou
menos assim: “(...) Depois que a turma da professora Gleice
distanciou-se um pouco da jaula do tigre, eu quis verificar se o
animal esboçaria alguma reação... imitei-o (como faz um tigre) e
a resposta do tigre foi imediata!”
Stênio:
“olha eu aqui na frente da Casa do Faz de Conta.”
Hillary:
“O tigre é listrado, gosta de carne. Gostei muito do pavão.”
Camilly:
“A girafa muda de cor?”
Nathália
Scarelli: “A girafa morde?”
Vejam
nossa cortina feita com formas geométricas (círculos, retângulos)
e materiais variados (papel cartão, CD’s reaproveitados, figuras
de jornais/revistas, desenhos com cola colorida e fotos com as
crianças)...